A televisão no Brasil chegou no ápice do sensacionalismo. Durante o seqüestro da jovem Eloá, em Santo André, mais uma vez alguns veículos de comunicação se portaram como verdadeiras aves de rapina. Foram mais de 100 horas de cobertura, praticamente um evento de grande porte, mas se tratavam de vidas que corriam perigo.
O jovem Lindemberg Alves, de 22 anos, manipulou a todos, inclusive a polícia de São Paulo. Conseguiu manter a ex-namorada, de 15 anos, como refém por mais de dois dias. O rapaz que era considerado calmo pelos amigos, ficou transtornado após Eloá terminar o namoro dos dois. Na segunda-feira (13/10), ele invadiu o apartamento onde morava a jovem, com uma arma. Manteve inicialmente quatro pessoas presas na casa, mas liberou três, entre elas Nayara. Porém durante as negociações, com a inteligente polícia de São Paulo, ela teve de voltar ao apartamento para se tornar novamente refém.
A espetacularização deste acontecimento foi tamanha que, o seqüestrador, virou celebridade. Concedeu, com exclusividade, entrevista ao programa “A Tarde é sua”, da RedeTV. A jornalista Sônia Abraão, foi a única pessoa da imprensa brasileira que conseguiu falar com ele, porém preferiu se prender a detalhes já conhecidos e perdeu uma boa oportunidade de ficar calada.
A periferia de Santo André, nunca foi tão conhecida como nos últimos dias. Depois do caso da menina Isabela, foi encontrada uma nova personagem para ilustrar as páginas de jornais do país. Mas temos de nos preocupar com essa situação, afinal será que tudo teria terminado como foi, senão tivesse imprensa por lá? Até onde a presença da mídia contribuiu para a tragédia que aconteceu? E os policiais, porque não invadiram o apartamento no primeiro dia? Essas são algumas das perguntas que não querem calar.
É importante entender que por mais passional que fosse aquela situação, a integridade das vítimas deveria ser mantida. Mas ao sair do hospital Nayara, revelou que Lindemberg só atirou nela e em Eloá após a explosão da bomba. Essa explicação contrariou a versão do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) que, afirma que só invadiu o local depois de ouvir tiros.
A morte de Eloá pode ser culpa de todo o circo que foi armado em torno do seqüestro. Essa mistura de mídia, polícia e espetáculo nem sempre dá certo. Primeiro que nossa polícia não é preparada para agir sobre pressão, eles preferem atirar e matar. Segundo que a imprensa queria vender aquilo de todas as formas, teve emissora que colocou repórteres 24 horas no local, como se nada mais importante estivesse acontecendo. E terceiro, todos nós ficamos comovidos por toda a situação. Mas esquecemos de lembrar de tantas outras vítimas que morrem todos os dias e não tem, nem polícia, nem mídia para proteger.
Parece que a tragédia alheia, televisionada, é a melhor forma de encarar a realidade nacional. Fugimos de tanta violência no dia-a-dia que assistir ela na TV é um ato simples que nos transforma em telespectadores e não em vítimas. Violência e tragédia só é bom na TV, pois na vida real ela mata e deixa órfã as famílias brasileiras.
Por Fábio Barbosa
O jovem Lindemberg Alves, de 22 anos, manipulou a todos, inclusive a polícia de São Paulo. Conseguiu manter a ex-namorada, de 15 anos, como refém por mais de dois dias. O rapaz que era considerado calmo pelos amigos, ficou transtornado após Eloá terminar o namoro dos dois. Na segunda-feira (13/10), ele invadiu o apartamento onde morava a jovem, com uma arma. Manteve inicialmente quatro pessoas presas na casa, mas liberou três, entre elas Nayara. Porém durante as negociações, com a inteligente polícia de São Paulo, ela teve de voltar ao apartamento para se tornar novamente refém.
A espetacularização deste acontecimento foi tamanha que, o seqüestrador, virou celebridade. Concedeu, com exclusividade, entrevista ao programa “A Tarde é sua”, da RedeTV. A jornalista Sônia Abraão, foi a única pessoa da imprensa brasileira que conseguiu falar com ele, porém preferiu se prender a detalhes já conhecidos e perdeu uma boa oportunidade de ficar calada.
A periferia de Santo André, nunca foi tão conhecida como nos últimos dias. Depois do caso da menina Isabela, foi encontrada uma nova personagem para ilustrar as páginas de jornais do país. Mas temos de nos preocupar com essa situação, afinal será que tudo teria terminado como foi, senão tivesse imprensa por lá? Até onde a presença da mídia contribuiu para a tragédia que aconteceu? E os policiais, porque não invadiram o apartamento no primeiro dia? Essas são algumas das perguntas que não querem calar.
É importante entender que por mais passional que fosse aquela situação, a integridade das vítimas deveria ser mantida. Mas ao sair do hospital Nayara, revelou que Lindemberg só atirou nela e em Eloá após a explosão da bomba. Essa explicação contrariou a versão do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) que, afirma que só invadiu o local depois de ouvir tiros.
A morte de Eloá pode ser culpa de todo o circo que foi armado em torno do seqüestro. Essa mistura de mídia, polícia e espetáculo nem sempre dá certo. Primeiro que nossa polícia não é preparada para agir sobre pressão, eles preferem atirar e matar. Segundo que a imprensa queria vender aquilo de todas as formas, teve emissora que colocou repórteres 24 horas no local, como se nada mais importante estivesse acontecendo. E terceiro, todos nós ficamos comovidos por toda a situação. Mas esquecemos de lembrar de tantas outras vítimas que morrem todos os dias e não tem, nem polícia, nem mídia para proteger.
Parece que a tragédia alheia, televisionada, é a melhor forma de encarar a realidade nacional. Fugimos de tanta violência no dia-a-dia que assistir ela na TV é um ato simples que nos transforma em telespectadores e não em vítimas. Violência e tragédia só é bom na TV, pois na vida real ela mata e deixa órfã as famílias brasileiras.
Por Fábio Barbosa
1 Comentários:
Fábio tens razão quando escreve isso.nossa sociedade passa por uma crise de valore e que precisam ser revisto. a culpa de acontecimento como este é de todos nos que vivemos pensando apenas em nossas vidade. precisamos pensar no coletivo!
Postar um comentário