Artista plástico, ator e mais recentemente trabalhando com publicidade, o santareno Alan Campo é o que chamamos de um verdadeiro artista. Sua paixão pelas artes nasceu ainda na infância com a confecção de desenhos. Daí por diante ele não parou e foi aperfeiçoando a técnica de desenhar rostos. Sua primeira exposição aconteceu no mês de abril no Salão de Exposições do SESC-Santarém, nela Alan contou através de desenhos o ritual indígena do Kuarup. Entre os projetos mais recentes, ele e um grupo de artistas plásticos conseguiram trazer pela primeira vez ao município o Arte Pará, projeto das Organizações Rômulo Maiorana (ORM) que valoriza trabalhos artísticos produzidos por paraenses.
Fábio: Como nasceu a idéia da exposição Kuarup?
Fábio: Como nasceu a idéia da exposição Kuarup?
Alan: "Primeiramente foi uma pesquisa que eu fiz. Segundo que é uma coisa de meu interesse, por eu estar na região e ser descendente indígena também. O kuarup envolve a técnica de retrato, carvão e o grafite, mas também usa materiais para pintura como o nanquim, aquarela e tinta pra tecido. Eu mesclei as técnicas e saiu um resultado muito interessante. O meu intuito nessa exposição era de fazer com que as pessoas pudessem observar o índio não só como nos últimos acontecimentos e sim, para que as pessoas revejam essa cultura indígena que existe aqui em nossa região."
Fábio: Em que áreas das artes você já atuou?
Alan: "Já experimentei o teatro como ator, foi uma experiência interessante. Trabalhei em duas peças, uma infantil e outra com o gênero cômico, mas não é pra mim esse tipo de coisa. Eu gosto mesmo é de artes plásticas. Recentemente trabalhei com animação, dando animação ao desenho. Foi em uma oficina do Anima Mundi que veio aqui em Santarém, foi um trabalho muito interessante."
Fábio: Existe muita dificuldade em divulgar o trabalho na região?
Fábio: Existe muita dificuldade em divulgar o trabalho na região?
Alan: "Para os artistas plásticos, mais especificamente, nem tanto. Quando você faz um trabalho ele torna-se conhecido pelo boca-a-boca. Mesmo porque o meu trabalho, por exemplo, não tem a necessidade de estar fazendo uma divulgação via televisão. Internet é uma coisa interessante que hoje eu faço, mas é uma coisa mais boca-a-boca mesmo. Não temos tanto problemas com isso, é mais uma questão de interesse das pessoas que se interessam ou não pelo que você faz."
Fábio: Existem espaços para divulgação de trabalhos em Santarém?
Fábio: Existem espaços para divulgação de trabalhos em Santarém?
Alan: "Aqui em Santarém existem, mas não existem pessoas dispostas a transformar estes espaços em lugares saudáveis para que as exposições aconteçam. As pessoas fazem editais, mas quando chega na hora de colocar a mão na massa, não é dado a atenção ao que você faz. Às vezes eu acho que é uma questão de desvalorização dos trabalhos feitos aqui, as pessoas não valorizam por que acham que o que é feito aqui não é bom.Mas existem espaços, a questão é com quem se trabalha."
Fábio: Esses lugares são adequados para exposições?
Fábio: Esses lugares são adequados para exposições?
Alan: "Não são adequados. Nós tentamos improvisar de todas as maneiras e acabamos conseguindo, afinal artista é artista. Não existe galeria aqui em Santarém própria para se fazer isso. Na minha exposição Kuarup que era 15 quadros expostos, 3 tiveram de ficar expostos no corredor. Outros em tripés de pintura pra quadro. Foi tudo meio improvisado, mas no final fica aquele resultado legal por que nós vamos atrás."
Fábio: Você acredita que é possível enxergar um futuro de valorização das artes na cidade ou isso ainda é sonho dos artistas?
Alan: "Eu sempre acredito nisso. Temos muitas dificuldades. Antes não era tanto, mas hoje isso acontece por conta do próprio movimento que é mais individual. Não vemos movimento de artistas plásticos por que são trabalhos isolados, então não tem como dizer que teremos um futuro ou não. Hoje em dia nós formamos um grupo de artistas plásticos, o que é uma ação inovadora dessa área das artes, nós conseguimos um dos nossos objetivos que foi trazer o Arte Pará para Santarém. Como relação ao futuro, talvez esse seja o início, mas se ele vai ser certo ou incerto isso nós só vamos ver mais à frente."
Fábio: Quais os projetos para este ano?
Fábio: Quais os projetos para este ano?
Alan: "Esse ano eu estou participando do Rumes que é um edital que o Banco Itaú lançado de dois em dois anos. Já passei na primeira etapa, não só eu, mas também mais dois artistas plásticos de Santarém. Tendo mais possibilidade de alguém da cidade ir para lá. Outro é o Arte Pará que já está em andamento."
Fábio: Considerações finais...
Alan: "A arte acima de tudo, independente de qual área esteja inserida, precisa ser mais entendida. Por exemplo, antes eu não conseguia me considerar um artista plástico só pelo fato de fazer retratos. A partir de um certo ponto da minha vida eu consegui entender que para se fazer qualquer tipo é necessário entender o significado dela. O artista é responsável pelo andamento da sociedade. Eles têm de ter essa postura e entender que sua arte não é só decorativa, nem para ficar em cima de uma mesa. A arte vai além da alma do ser humano, transforma o pensamentos das pessoas, mexe com os conceitos da sociedade, portanto, os artistas plásticos tem de ter essa mentalidade, pois cada um tem sua porcentagem de responsabilidade nisso."
Por Fábio Barbosa
Foto: Arquivo Pessoal
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