Desde seu primeiro contato com o mundo das artes, o santareno Vicente Guedes, já começou como diretor. Há 20 anos ele trabalha com a arte que considera fundamental para a formação no ser humano, o teatro. Fez apresentações em igrejas, colégios e foi o idealizador do Projeto Crescer, com uma série de oficinas teatrais voltadas para a qualificação dos atores santarenos. Participou de quatro grupos de teatro da cidade, várias amostras e mais recentemente dirigiu um documentário sobre o fechamento do único cinema da região. Em suas pautas de projetos para este ano está a estréia do espetáculo “Diário de Adolescente”, baseado na obra de Maria Mariana, uma peça que promete mexer com o público, assim como os outros trabalhos desse diretor.
Fábio: Quais as dificuldades de trabalhar com artes em Santarém?
Vicente: "Não só a sociedade local, como a maioria do país ainda vê o teatro apenas como lazer e entretenimento. Essa maioria não consegue ver o teatro como instrumento pedagógico-educativo. E aí você embarca nessa coisa que as pessoas acham que teatro é circo e, as duas coisas são completamente diferentes uma da outra, cada uma tem suas especificidades. Você esbarra em uma serie de problemas, desde o apoio de políticas públicas, afinal ninguém quer apoio financeiro, não é isso que se pede. O que se pede é o reconhecimento para que isso aconteça. Você não consegue hoje em Santarém montar um espetáculo, pois é muito difícil. Não há recursos humanos, resultado da falta de políticas públicas, das inconstâncias e continuidades de vindas de oficinas de teatro e a não valorização do mercado profissional que Santarém já tem. Portanto é uma serie de coisas que faz ser muito difícil fazer teatro em Santarém."
Fábio: Existe uma pré-disposição do governo (municipal e estadual) para cuidar dessa área?
Vicente: "Não! São ações isoladas, são eventos. Quando se fala em futuro, nós não só trabalhamos com eventos culturais, mas sim com ações culturais. Então uma ação é diferente de um evento, o evento é dois ou três dias e pronto acabou. Ações culturais são capacitações para que justamente o individuo tenha instrumentos e conhecimento para desenvolver projetos na área cultural. O governo tanto federal, quanto estadual e municipal, ainda são muito apáticos e precisam reconhecer mais o teatro como importante para a formação do ser humano."
Fábio: Para se fazer teatro o que é mais importante?
Vicente: "Capacitação. Tudo que você faz, você precisar ser capacitado. Eu acredito que você não nasce com o talento, você nasce com uma predisposição e isso vai te ajudar nessa capacitação. Para que você venha a fazer esse bom trabalho é necessário, essa capacitação, o apoio das políticas públicas que hoje a cidade não possui. O conselho municipal de cultura não existe! É lamentável não existir, afinal os grupos de teatro que estão aí, que sobrevivem, não possuem nenhum tipo de ações artísticas, são apenas eventos em que são chamados para apresentações."
Fábio: Quais as dificuldades de trabalhar com artes em Santarém?
Vicente: "Não só a sociedade local, como a maioria do país ainda vê o teatro apenas como lazer e entretenimento. Essa maioria não consegue ver o teatro como instrumento pedagógico-educativo. E aí você embarca nessa coisa que as pessoas acham que teatro é circo e, as duas coisas são completamente diferentes uma da outra, cada uma tem suas especificidades. Você esbarra em uma serie de problemas, desde o apoio de políticas públicas, afinal ninguém quer apoio financeiro, não é isso que se pede. O que se pede é o reconhecimento para que isso aconteça. Você não consegue hoje em Santarém montar um espetáculo, pois é muito difícil. Não há recursos humanos, resultado da falta de políticas públicas, das inconstâncias e continuidades de vindas de oficinas de teatro e a não valorização do mercado profissional que Santarém já tem. Portanto é uma serie de coisas que faz ser muito difícil fazer teatro em Santarém."
Fábio: Existe uma pré-disposição do governo (municipal e estadual) para cuidar dessa área?
Vicente: "Não! São ações isoladas, são eventos. Quando se fala em futuro, nós não só trabalhamos com eventos culturais, mas sim com ações culturais. Então uma ação é diferente de um evento, o evento é dois ou três dias e pronto acabou. Ações culturais são capacitações para que justamente o individuo tenha instrumentos e conhecimento para desenvolver projetos na área cultural. O governo tanto federal, quanto estadual e municipal, ainda são muito apáticos e precisam reconhecer mais o teatro como importante para a formação do ser humano."
Fábio: Para se fazer teatro o que é mais importante?
Vicente: "Capacitação. Tudo que você faz, você precisar ser capacitado. Eu acredito que você não nasce com o talento, você nasce com uma predisposição e isso vai te ajudar nessa capacitação. Para que você venha a fazer esse bom trabalho é necessário, essa capacitação, o apoio das políticas públicas que hoje a cidade não possui. O conselho municipal de cultura não existe! É lamentável não existir, afinal os grupos de teatro que estão aí, que sobrevivem, não possuem nenhum tipo de ações artísticas, são apenas eventos em que são chamados para apresentações."
Fábio: Os grupos de teatro de Santarém buscam qualificação?
Vicente: "Eles buscam, mas não há. E quando tem não condiz com a realidade local. Eu preciso adequar essa formação à realidade do meu município. Santarém vive praticamente de formação vindo de fora que não consegue perceber a realidade local. Não só de período, como horário e metodologia. É necessário entender que cada lugar é diferente do outro."
Vicente: "Eles buscam, mas não há. E quando tem não condiz com a realidade local. Eu preciso adequar essa formação à realidade do meu município. Santarém vive praticamente de formação vindo de fora que não consegue perceber a realidade local. Não só de período, como horário e metodologia. É necessário entender que cada lugar é diferente do outro."
Fábio: Você coordenou o Projeto Crescer que teve destaque a nível nacional, o que fazer para ter o trabalho reconhecido?
Vicente: "Eu sempre digo que quem faz teatro ou arte tem que ler muito. O artista hoje precisa ter conhecimento teórico de sua área. E pra se fazer um projeto, como o Crescer, eu tive de ler muito, pesquisar, escrever e ter apoio institucional que é muito importante. E fazer um trabalho sério que gere um produto. Precisamos ter consciência de que toda ação cultural precisa de um produto e esse produto precisa ser avaliado pelas pessoas envolvidas e pela sociedade local. O projeto Crescer teve um produto que foi o espetáculo Olho de Boto que resgatou a literatura do Felisbelo Jaguar Sussuarana em 2006. Muitas pessoas que participaram do projeto, como alunos e o público em geral que foi assistir ao espetáculo, teve a oportunidade de ver pela primeira vez o nome do Felisbelo e perceber sua obra que, foi escrita lá atrás e ainda é uma fonte de cultura riquíssima para quem quer conhecer as coisas da cidade."
Fábio: Existe muito preconceito com as artes em Santarém?
Vicente: "Totalmente! Esses preconceitos eles apenas se transformaram em outras máscaras. Hoje o artista não só visto como homossexual, vagabundo, prostitutas que, vários artistas tinham em suas carteiras, um exemplo é a própria Derci Gonçalves. Hoje o preconceito mudou, no sentido de que atualmente fazer arte é pra quem tem dinheiro. Fazer arte é só para ações sociais, para entretenimento. Hoje ainda sim, sofremos preconceitos com as mascaras antigas e essas mais atuais."
Fábio: Como conseguir apoio para um espetáculo?
Vicente: "É muita coragem! Em determinadas situações que são as mais vexamosas possíveis você precisa passar a xícara e o pires entre seus amigos para fazer o espetáculo. Mas a via mais correta é você escrever um bom projeto, contendo uma boa justificativa, metodologia, orçamento e uma série de coisas. Você pega esse projeto, coloca debaixo dos braço, e começa a correr atrás. Por que não podemos ficar esperando as ações do governo. As instituições privadas estão também aí pra isso. E hoje, como esta muito em voga, essa coisa da responsabilidade social, você consegue ainda, as duras penas, em algumas empresas de porte maior um apoio. E até patrocínio para que você realize seu espetáculo."
Fábio: Falta união na classe do teatro?
Vicente: "Totalmente! A classe está disfacelada e não por que são ciúmes e picuinhas, mas por conta dessa falta de políticas públicas. Os grupos de teatro precisam compreender e participar dessas políticas públicas. Senão vão continuar grupos de teatro de fundo de quintal."
Fábio: Quais os projetos futuros?
Vicente: "Eu quero estrear agora no final de outubro o espetáculo Diário de Adolescente. Que conta a rotina e vida da adolescência, mais especificamente da adolescência feminina. Também no espetáculo eu vou está trazendo a tona os 50 anos da Bossa Nova. Dentro do espetáculo eu vou prestar essa homenagem a Bossa Nova. O projeto desse espetáculo é ficar seis meses em cartaz aqui em Santarém e depois ir para outros lugares. Outro projeto é trabalhar com o teatro de comunidade, na Área Verde. Queremos fazer um grupo de teatro lá com pessoas de risco social."
Fábio: Considerações finais...
Vicente: "Que a gente (nós artistas), possamos perceber que aquilo que nós fazemos é muito importante para a formação da sociedade .Que a gente perceba que nós não somos palhaços e sim artistas. Não somos quebra galhos, e sim profissionais que podemos fazer a diferença onde nós estejamos. E também perceber que além de sermos importantes para a formação da sociedade e da história contemporânea, por que você pode contar ela através da arte, que temos força e precisamos nos esclarecer daquilo que somos capazes de fazer. É possível fazer teatro de todas as formas: sem texto, teatro, sem luz, roupa, música, palco, mas só não se pode fazer teatro sem gente. As pessoas necessitam do teatro. O Augusto Boal é muito claro nisso, de que o teatro pode ser feito em qualquer lugar, dentro da casa, dos elevadores, estádios, praia, e até dentro dos teatros. A arte precisa ser compreendida não só como decorativa, mas como peça fundamental da transformação da sociedade."
Vicente: "Eu sempre digo que quem faz teatro ou arte tem que ler muito. O artista hoje precisa ter conhecimento teórico de sua área. E pra se fazer um projeto, como o Crescer, eu tive de ler muito, pesquisar, escrever e ter apoio institucional que é muito importante. E fazer um trabalho sério que gere um produto. Precisamos ter consciência de que toda ação cultural precisa de um produto e esse produto precisa ser avaliado pelas pessoas envolvidas e pela sociedade local. O projeto Crescer teve um produto que foi o espetáculo Olho de Boto que resgatou a literatura do Felisbelo Jaguar Sussuarana em 2006. Muitas pessoas que participaram do projeto, como alunos e o público em geral que foi assistir ao espetáculo, teve a oportunidade de ver pela primeira vez o nome do Felisbelo e perceber sua obra que, foi escrita lá atrás e ainda é uma fonte de cultura riquíssima para quem quer conhecer as coisas da cidade."
Fábio: Existe muito preconceito com as artes em Santarém?
Vicente: "Totalmente! Esses preconceitos eles apenas se transformaram em outras máscaras. Hoje o artista não só visto como homossexual, vagabundo, prostitutas que, vários artistas tinham em suas carteiras, um exemplo é a própria Derci Gonçalves. Hoje o preconceito mudou, no sentido de que atualmente fazer arte é pra quem tem dinheiro. Fazer arte é só para ações sociais, para entretenimento. Hoje ainda sim, sofremos preconceitos com as mascaras antigas e essas mais atuais."
Fábio: Como conseguir apoio para um espetáculo?
Vicente: "É muita coragem! Em determinadas situações que são as mais vexamosas possíveis você precisa passar a xícara e o pires entre seus amigos para fazer o espetáculo. Mas a via mais correta é você escrever um bom projeto, contendo uma boa justificativa, metodologia, orçamento e uma série de coisas. Você pega esse projeto, coloca debaixo dos braço, e começa a correr atrás. Por que não podemos ficar esperando as ações do governo. As instituições privadas estão também aí pra isso. E hoje, como esta muito em voga, essa coisa da responsabilidade social, você consegue ainda, as duras penas, em algumas empresas de porte maior um apoio. E até patrocínio para que você realize seu espetáculo."
Fábio: Falta união na classe do teatro?
Vicente: "Totalmente! A classe está disfacelada e não por que são ciúmes e picuinhas, mas por conta dessa falta de políticas públicas. Os grupos de teatro precisam compreender e participar dessas políticas públicas. Senão vão continuar grupos de teatro de fundo de quintal."
Fábio: Quais os projetos futuros?
Vicente: "Eu quero estrear agora no final de outubro o espetáculo Diário de Adolescente. Que conta a rotina e vida da adolescência, mais especificamente da adolescência feminina. Também no espetáculo eu vou está trazendo a tona os 50 anos da Bossa Nova. Dentro do espetáculo eu vou prestar essa homenagem a Bossa Nova. O projeto desse espetáculo é ficar seis meses em cartaz aqui em Santarém e depois ir para outros lugares. Outro projeto é trabalhar com o teatro de comunidade, na Área Verde. Queremos fazer um grupo de teatro lá com pessoas de risco social."
Fábio: Considerações finais...
Vicente: "Que a gente (nós artistas), possamos perceber que aquilo que nós fazemos é muito importante para a formação da sociedade .Que a gente perceba que nós não somos palhaços e sim artistas. Não somos quebra galhos, e sim profissionais que podemos fazer a diferença onde nós estejamos. E também perceber que além de sermos importantes para a formação da sociedade e da história contemporânea, por que você pode contar ela através da arte, que temos força e precisamos nos esclarecer daquilo que somos capazes de fazer. É possível fazer teatro de todas as formas: sem texto, teatro, sem luz, roupa, música, palco, mas só não se pode fazer teatro sem gente. As pessoas necessitam do teatro. O Augusto Boal é muito claro nisso, de que o teatro pode ser feito em qualquer lugar, dentro da casa, dos elevadores, estádios, praia, e até dentro dos teatros. A arte precisa ser compreendida não só como decorativa, mas como peça fundamental da transformação da sociedade."
Por Fábio Barbosa
Foto: Clóvis André
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