O argumento para a realização de eventos como Copa do Mundo de futebol e Olímpiadas se repete em todos os países: o evento traz dinheiro para o país sede (que recebe milhões de visitantes estrangeiros) e determina investimentos que melhoram a economia e a vida das pessoas.
O próximo grande evento ocorre em Beijing, as Olimpíadas. E, de fato, a cidade é um canteiro de obras há vários anos. Enquanto a economia chinesa cresce na média de 10% ao ano, Beijing se expande a 12% - e estes dois pontos extras são atribuídas aos investimentos para os Jogos.
É um conjunto formidável, a começar por um metrô de primeira que corta a cidade toda. Mas há ainda um conjunto de instalações esportivas – mais de dez estádios e arenas – um teatro monumental e um enorme aeroporto.
Fora os estádios, pode-se dizer que o resto deveria ser construído mesmo sem Olimpíadas. Aliás, não faz sentido construir esse tipo de infra-estrutura só para os Jogos. E se esses equipamentos são permanentes, então não dependem do evento, não é mesmo?
É, diz o pessoal, mas sabe como é: um evento internacional obriga o país a fazer bonito perante a comunidade internacional. Essa, enfim, é a finalidade política dos Jogos ou da Copa. Obras que poderiam sobrar nos orçamentos públicos, acabam ganhando prioridade por causa do evento.
Verdade, também. Mas isso não deve tirar o foco do planejamento. Há um evento esportivo a realizar, mas os equipamentos a serem instalados só terão sentido se forem úteis para a economia e para a vida das pessoas depois do evento. Caso contrário, se transformarão em elefantes brancos (por exemplo, estádios sub-utilizados) e infra-estrutura inadequada. Nos dois casos, a iniciativa privada, que sabe detectar o prejuízo, cai fora e o custo fica com o governo.
Resumo da ópera: é falso dizer que realizar a Copa é bom para o país. Pode ser e pode não ser. Pode ser bom investimento, pode ser um desperdício de dinheiro público.
Carlos Alberto Sardenberg
Jornalista, comentarista econômico da TV Globo e âncora da rádio CBN.
2 Comentários:
Lembrando que na ocasião da escolha do Rio para o PAN, o prefeito anunciou inúmeras melhorias para a cidade - metrô até a Barra!!! Realmente, durante o evento, o Rio ficou uma maravilha. Depois dele, o que nos restou? O Engenhão...
Muito bem colocado Maira.
Essa questão é muito além do que só a realização da copa.
Existe muita desigualdade neste país e não podemos viver na esperança de que jogos de futebol resolverão isso!
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