Alexandre Damiano Junior, além de cineasta e fotógrafo, é artista plástico e escritor. Estudou cinema na New York University, NYU (EUA), fez Mestrado em Belas Artes pela School of Visual Arts, SVA, de Nova York (EUA) e pós-graduação em Fotografia e Bacharel em Comunicação Visual pelo Centro Universitário da Cidade/UniverCidade, no Rio de Janeiro. É Mestre em Artes Visuais pela UFRJ.
Fábio: Você sempre gostou de fotografia? Como surgiu essa paixão?
Alexandre: “Não foi só a fotografia. Eu comecei a gostar de desenhar quando criança, tendo sido incentivado pelo meu pai que trazia do trabalho bloquinhos e lápis de cor. Eu aprendi a desenhar por mim mesmo e junto a livros e revistas diversas. Desenhava as pessoas que se apresentavam a mim e outros temas de meu interesse. Eu curtia bastante histórias em quadrinhos, também!
E volta e meia meu pai aparecia com uma novidade que despertava meu interesse… como os truques de mágica, inclusive! Cheguei a ler a respeito, tendo adquirido alguns números de mágica no centro da cidade, aprendido em livros e, em seguida, apresentando-os para parentes e amigos.
Mais adiante, ele veio com uma câmera de cinema Super-8 muda, e daí ele percebeu que eu tinha me entusiasmado bastante! Ele então me perguntou se nos meus 15 anos eu preferiria, como presente, uma passagem para a Disney ou uma câmera de cinema Super-8, desta vez sonora. Eu não pensei duas vezes, preferindo a câmera de cinema sonora! Eu experimentei bastante aquele "brinquedo". (rs, rs, rs)
Ao mesmo tempo, uma amiga da minha irmã, que era professora de dança, volta e meia me pedia para mixar músicas com efeitos sonoros para suas aulas e para suas apresentações, junto ao meu equipamento de som que eu havia adquirido. Cheguei também a escrever uns besteiróis, tomando gosto pela escrita, e os sonorizei em seguida apresentando-os para meus amigos. E foi quando a minha curiosidade pela imagem em movimento, texto e o áudio se encontraram!
A câmera fotográfica eu adquiri logo depois disso, quando participava de algumas figurações em novelas da Globo. Naquela época eu malhava bastante, o corpo! (rs, rs, rs) E perguntei a equipe técnica e de produção a melhor maneira para aprender e a entrar naquele meio, e eles me sugeriram… através da fotografia! E pedi ao ex-marido da minha irmã, um piloto de companhia aérea, que me trouxesse uma câmera fotográfica de Nova York. Daí comecei a estudar Fotografia. Na época, um colega que tem hoje uma editora e livraria e que me incentivou a por em prática a realização deste meu primeiro livro, sugeriu que eu me graduasse em Comunicação Visual, já que eu apresentava alguma familiaridade com as artes.”
Fábio: Seu livro "Pororoca" é uma autobiografia fotográfica? E os poemas do livro, são inspirado nas imagens do dia-a-dia?
Alexandre: “Eu diria, mais aproximado e adequado, que é uma autobiografia multimídia aonde várias técnicas, por mim conhecidas e alcançadas, se encontram e fluem através de movimentos ao “acaso pensado” mostrando passagens do meu “Diário de bordo”. Uma coletânia de diferentes momentos e situações experienciadas, aonde procurei documentar e exteriorizar os sentimentos vividos em minhas andanças, diante das expectativas e dos percalços sinuosos encontrados em meio aos movimentos contrários e conturbados, através da arte, em uma narrativa linear e não linear, por meio de textos, fotos, stills de vídeos e desenhos.
O nome do livro "Pororoca" remete ao fenômeno do encontro das águas de correntes contrárias. Metaforicamente falando, pode referenciar aos movimentos internos embasados nos “sonhos”, percepções e projeções em suas diversas possibilidades que me impulsionaram para determinados objetivos e que muitas vezes foram dificultados por obstáculos que, a princípio, aparentavam intransponíveis. Movimentos e obstáculos estes que geraram situações e que me transmitiram sensações adversas e diversas e que foram capturados, documentados, ou melhor, colecionados ao longo de um tempo, através da representação destes sentimentos agora em fotos, desenhos, stills de vídeos e textos/poemas, com métrica e sem métrica.
Desafio: Se manter de pé em uma “prancha” e sobre as "ondas" conturbadas e contrárias – munido com uma caneta, papel, câmeras fotográfica e de vídeo e um computador - e surfar a "Pororoca" com equilíbrio e flexibilidade, habilidades adquiridas e desenvolvidas, para a sobrevivência em "universos" em constante transformação.”
Fábio: Você foi influenciado por alguém na carreira de fotógrafo?
Alexandre: “Li e estudei bastante a respeito de profissionais e artistas diversos, não somente na área da fotografia. Mas a princípio, quem me influenciou e incentivou muito foi meu pai, recém falecido, e que não era da área. Ah, e claro, alguns ex-professores e ex-professoras que eu tive!”
Fábio: Se formar fora do país ajudou a você ter uma visão apurada sobre a importância da imagem na comunicação?
Alexandre: “Com certeza!!! A oportunidade de diversificar a cultura visual, conhecer e vivenciar novos costumes e toda a troca de experiências foi importante, bastante proveitosa e prazeirosa com todo aquele intercâmbio de energias. Você acaba “enxergando” o mundo sob novos ângulos e pontos de vistas variados, em suas novas possibilidades.”
Fábio: E os curtas que você produziu... de onde nasceram as idéias?
Alexandre: “Também contam com um pano de fundo autobiográfico. Mas, desta vez, através de uma narrativa aonde uma pitada de humor e de exagero caminham lado a lado, onde os acontecimentos foram “ligeiramente” alterados. (rs, rs, rs)
A Trilogia Curta-metragem apresenta o amor com seus caminhos e descaminhos, tema central de três filmes rodados no formato de curta-metragem. A somatória dos três curtas resulta em cerca de uma hora. Nesse período, tem-se a narrativa do dia-a-dia de um casal de namorados, seus encontros e desencontros. Os filmes foram rodados nos anos de 2006, 2007 e 2008, respectivamente, e cada qual mostra uma fase dessa história de amor.”
Fábio: Algum curta em produção? Qual? Quais os projetos para 2009?
Alexandre: “Penso em realizar a produção de um curta ou média-metragem de desdobramento do Livro e, quem sabe, exibir através de uma instalação junto as imagens impressas, em grandes proporções, geradas durante o processo de produção do filme. Agora, eu tenho outros projetos em mente, também.”
Sobre o Livro:Livro, título “Pororoca”
Livro de Artes Visuais e Textos
Edição do Autor Alexandre Damiano Junior
Tradução para o inglês Beatriz Orlandini Gama e Silva
Introdução Angela Magalhães e Nadja F. Peregrino (Curadoras e Pesquisadoras Associadas)
Catalogação na fonte elaborada pelas bibliotecárias Cristina Bandeira e Stela Pacheco
Agradecimentos Alexandre Damiano (in memorium) e Olinda Santos Damiano (meus pais)
Registrado na Biblioteca Nacional e ISBN